O trabalho de Teresa Murta, parte da intensidade das influências de espantosa potência, e que se cruzam com o momento da sua reflexiva observação.
Em WHISTLE, WHISTLE, a artista mantém na sua práctica pictórica, a luta entre o mundo interior e exterior.
O estado de alerta e urgência, reproduzem-se numa gestualidade de câmara cinematográfica em permanente movimento. As imagens, conceitos e memórias que exibe nos seus trabalhos, têm na cadência das suas camadas uma sequência em que o aparente tumulto de formas e paleta cromática, sugerem um contexto de questionamento, sobre a pertença de cada objecto que compõe os seus quadros.
O olhar da artista, vagueia entre a aparição e a esvanecimento, no momento em que a acção e o pensamento aparecem na tela desaparecem do mundo, do seu mundo: princípios que se fixam e, dentro deles, liberdade que se oferece.
Para compreender o aforismo interior de Teresa Murta - e na generalidade das obras da artista - devemos encarar os fragmentos consequentes da sua gestualidade, como uma capsula de forma e espaço onde impera o subconsciente. Na série Whistle, Whistle, através de apontamentos sinuosos de linguagem fanzine, apresenta-nos uma combinação de trabalhos que desafiam o observador à transpor a barreira da definição do mundo real, assumindo um lugar na sua pintura onde não há espaço para aquele que se recusa a sonhar.
Do alto de um edifício, num plano que tem qualquer coisa de Metropolis (Fritz Lang, 1927), o anjo Damiel contempla a humanidade, seguindo o rumor do quotidiano.
“As Asas do Desejo” de Wim Wenders, (1987)