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DAMMI I COLORI
Exposição Colectiva

Fritz Bornstück
Birte Bosse
Dorothee Diebold
Tobias Dostal
Hannah Sophie Dunkelberg
Media Esfarjani
Paris Giachoustidis
Lukas Glinkowski
Lennart Grau
Philip Grözinger
Henri Haake



Curadoria de Peter Ungeheuer



Galeria de Arte Moderna
Sociedade Nacional de Belas Artes
3.11 __ 2.12.2023
© Bruno Lopes
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Dá-me as cores!

 

A Tosca de Puccini é - juntamente com o Rigoletto de Verdi - a única ópera com duas árias de tenor de grande sucesso. Apresentada pela primeira vez em 1900, a ópera conta a história da relação entre a cantora de ópera Floria Tosca e o pintor Mario Cavaradossi, que não só termina fatalmente para ambos, assim como para um revolucionário e o vilão que têm de morrer antes de o sol nascer no Castelo de Sant'Angelo em Roma. No primeiro acto, Cavaradossi pinta um retábulo de Maria Madalena para uma igreja não muito longe de São Pedro, baseando-se no modelo de uma beldade desconhecida. O ciúme da diva, que se inflama a partir deste facto, é uma das razões pelas quais a ópera não pode ter um final feliz. "Recondita armonia" (harmonia recôndita) é a ária em que o tenor justifica a sua escolha de sujeito, que provavelmente se baseia numa inspiração subconsciente. Previamente, ele instrui o sacristão a entregar-lhe as cores: "Dammi i colori". Se quiserem, que este é o início da tragédia.

Faz exatamente 20 anos, que em novembro de 2003, o então presidente da Câmara de Berlim, Klaus Wowereit, descreveu a cidade de Berlim como "pobre mas sexy", uma afirmação que se tornou famosa e que se referia, entre outras coisas, à cultura vibrante e à vida nocturna da nova velha capital alemã. Berlim, após a queda do muro, tem vindo a atrair cada vez mais artistas com talento vindos de todo o mundo, num início devido ao extraordinariamente custo baixo de produção e de vida (já para não falar da diversão), e também, porque havia muitas oportunidades de participar em encontros e exposições em espaços alternativos. A cena cultural emergente de Berlim - que ganhou reputação mundial pela sua criatividade, produção e diversidade, tem vindo a crescer desde esse período. Embora o custo de vida esteja a aumentar de forma constante, continua a ser significativamente inferior ao de outros centros artísticos mundiais. Além disso, outras cidades já se aproximam muito da oferta da vida nocturna. Mas, contrariamente às expectativas de declínio de alguns, Berlim está, a meu ver, mais atractiva do que nunca para os artistas. As possibilidades de expor em galerias, museus e, principalmente em espaços de projecto temporários, são únicos pela sua imensa quantidade, assim como no potencial de criação de vínculos e intercâmbio com os seus pares. Até hoje é uma espécie de selo de qualidade "viver e trabalhar em Berlim".

Os artistas desta exposição (e o curador), na sua maioria, não fomos sequer observadores desses primeiros anos de “pobres, mas sexy" da cena artística. O objectivo desta exposição é apresentar 11 artistas contemporâneos, emergentes e estabelecidos em Berlim, da próxima geração, em cujo corpo de trabalho a cor - para além da forma e/ou conteúdo e técnica, desempenha um papel especial, e foram seleccionados pela sua variedade de abordagens. 

No entanto, quando lhes são entregues as cores, é mais inspirador do que trágico.

 

Peter Ungeheuer

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