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SEM RAIA
Arturo Comas
Francisco Correia
Norberto Gil
Quiñones
Tomaz Hipólito




17.10 __ 14.11.2025


Consulado Geral de Portugal
Sevilha (ES)
 

SEM RAIA mostra ibérica de arte contemporâneo

 

O título da exposição é uma metáfora da veracidade que aproxima os países que compartilham a Península Ibérica, num diálogo cultural e estético de cinco artistas de ambas nações.

 

Esta mostra que se apresenta no edifício emblemático e de inequívoco valor arquitetónico - o Consulado-Geral de Portugal em Sevilha, foi concebida como um encontro simbólico de arte contemporânea que interage livremente entre ambos os lados da fronteira. O próprio edifício que acolhe o trabalho dos artistas, teve como origem no projeto dos arquitetos Carlos e Guilherme Rebelo de Andrade o Pavilhão Português na Exposição Ibero-Americana de 1929, e hoje acolhe os serviços consulares portugueses em Sevilha.

 

O conjunto de obras que apresentadas abrange não só a geografia, mas também a materialidade e diversas disciplinas artísticas, desde a pintura, à escultura, à instalação e até à performance. Os artistas em diálogo conceptualizam a diversidade cultural que direta e indiretamente, transforma o significado de Raia (em português ,fronteira) na sua tradução fonética para espanhol, Linha. Esta abordagem linguística, geográfica e identitária é talvez um dos elementos mais fortes que conduziram a um dos êxodos mais significativos entre os dois países. Reflete também a empatia pela diferença, que nesta exposição nos permite apresentar a memória e o sentido patrimonial de um território ibérico comum.

 

Entre os artistas portugueses e espanhóis, o sevilhano Arturo Comas - desde 2022 representado em Portugal pela Galeria NAVE, que tem vindo a desenvolver uma série de obras sobre a cadeira de exterior mais simbólica no território português. A cadeira “Gonçalo” (nomeada em homenagem ao seu mestre artesão, Gonçalo Rodrigues dos Santos), que ainda é produzida na fábrica original da ARCALO no Cartaxo e exportada para o resto da Europa e outros continentes. Comas desenvolve uma série de peças escultóricas que subvertem a funcionalidade do objeto (cadeira) através de um jogo entre a verosimilhança e a inutilidade.

 

Francisco Correia - o artista mais jovem da exposição, nasceu em Lisboa e fez o mestrado em Bruxelas, onde se fixou para trabalhar depois de ter recebido várias bolsas e prémios de instituições belgas. Nas viagens entre os dois países da Península Ibérica, o veículo é fundamental, assim como o tempo, o ponto de partida e o destino. Correia não deixa dúvidas sobre estas condições quando nos transporta numa viagem imaginária por um caminho incomensurável e sem fronteiras.

 

O escultor Quiñones aprendeu com os grandes mestres o legado do trabalho com a pedra, matéria-prima que a natureza nos oferece, e com a sua mestria única, transporta-nos para memórias, sabores e cheiros da nossa infância, reconhecíveis por qualquer criança portuguesa ou espanhola. Quiñones cria um monumento a uma época do ano em que os dois países, que partilham montanhas e serras, água doce, praias e costas oceânicas, estão repletos de famílias em busca de sol, da natureza e da brisa do mar, usufruindo de uma forma de experienciar o ar livre tão característica de ambas as culturas.

 

O sevilhano Norberto Gil apresenta pinturas que retratam a repetida viagem de ida e volta. Gil transborda os limites da tela, dobrando-a sobre si mesma, conquistando uma estrutura, uma arquitetura e um volume que a resgata da bidimensionalidade onde a linha (a fonética espanhola de raia) não existe, porque este gesto humano é impossível de tatuar na morfologia de um território, o nosso.

 

Tomaz Hipólito é um artista português internacional, que nos recorda a vastidão do nosso território e a sua transformação, identificando-a através das suas paisagens únicas. Talvez por serem irrepetíveis – apesar de todos os suportes promocionais – Hipólito, numa projeção vídeo e numa performance pictórica repleta de gestos e movimento, com o objetivo de criar um lugar novo e intermitente, situa o público entre a subjetividade e a experiência que se dá num campo aberto sem coordenadas específicas. Tal como os gestos e as obras de arte, as identidades culturais são únicas, mesmo apesar da nossa afinidade, empatia e fraternidade ibérica.

 

 

Mercedes Cerón, outubro 2025

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