Quando observamos a produção artística contemporânea, parece evidente que os artistas usem os meios e materiais que estão disponíveis, atingindo uma dimensão espiritual compreensível de ser explorada de forma livre. Existe uma relação orgânica com a construção da obra, enquanto escolha e decisão numa perspectiva de criação espontânea.
A crescente maturidade do trabalho de Valentim Quaresma, como escultor de espiritualidade, não fica refém de um modelo ou processo na forma de fazer. Pelo contrário, o que encontramos é uma sequência de materiais que têm uma forte presença no seu percurso artístico, que nos levam ao encontro de pontos chave que vão construindo o seu vocabulário, linguagem e assinatura. Um dos aspectos constantes na obra de Valentim, é a aplicação sistemática do objecto fora do seu uso, incomum, como uma transmutação de consciência progressiva em que o simbólico transpõe o fenómeno em ideia, e a ideia em imagem.
Em MANIFESTO, a obra escultórica intemporal do mestre artesão, visa a cosmovisão de uma ontologia descritiva do mundo, como uma orientação cognitiva de um indivíduo num dado espaço-tempo a respeito de tudo o que existe, de uma forma singular e individual.
A transmutação de consciência, remete para o espirito revivalista romântico de um medievalismo de vanguarda e de sensibilidade estética, graças à subtileza da beleza em todos os aspectos da realidade sensível, reconhecendo o invencível atractivo da beleza.
A obra de Valentim Quaresma é, uma alegoria estética do esforço interpretativo pela admiração da beleza, como no latim pulchrum - belo em si mesmo.