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Correr atrás de borboletas é como correr atrás de sonhos. As borboletas despertam uma curiosidade infantil, elas movem-se demasiado rápido para serem apanhadas. Simbolizam a liberdade e a alegria, mas ao mesmo tempo, carregam o momento fugaz de deixar ir. A borboleta é livre.

 

Os buracos negros podem parecer o oposto. São escuros, assustadores, destrutivos e enormes. No entanto, possuem uma beleza própria. Despertam a atenção enquanto se movem misteriosamente pelo espaço, absorvendo vastas quantidades de matéria e luz. São como almas sombrias, que consomem o que os rodeia. Mas dentro deles ,reside beleza. Um vazio infinito que aparenta livre de opiniões, forte e perfeitamente ordenado. Criam as suas próprias regras.

 

No meu trabalho também concebo as minhas próprias regras. Procuro novos horizontes quando exploro o desconhecido. As colagens têm um universo próprio. Marcam o meu novo começo, o início de um novo capítulo.

 

Após a reconstrução de um edifício de grande dimensão nos arredores a norte de Berlim, e de mudar para lá o meu atelier, precisei de ultrapassar um longo período sem produzir. Esta série, é o meu primeiro passo de regresso à práctica. Precisava de algo lúdico. Algo que abraçasse todo o meu passado e que me levasse a explorar os recantos ocultos do meu mundo interior.

 

Em simultâneo tive de me adaptar a um novo espaço quatro vezes maior do que o meu antigo estúdio. Para me familiarizar com ele, escolhi um caminho simples de criar diversas peças de menor dimensão, o que me permitiu percorrer o grande espaço com a segurança de trabalhar em cada uma das obras de cada vez. Agrupei uma série de imagens diferentes que para mim, são como personagens. Ou como músicas de um imenso álbum que manifestam diferentes emoções, temas e identidades.

 

O processo permite-me imergir profundamente no autoconhecimento. A autoanálise de honestidade e a sinceridade são essenciais para superar os falsos ideais. Sermos capazes de destruir aquilo em que acreditamos ser verdade fortalece-nos, quando percebemos que era exactamente o que nos impedia de avançar.

 

Esta exposição é a minha viagem pessoal de crescimento. Talvez ela seja também, um espelho na sua.

 

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Birte Bosse, 2025

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